sábado, 9 de novembro de 2013

Notas breves da História de Serpa

1 - CONQUISTA E RECONQUISTA
- A povoação de Serpa foi pela primeira vez conquistada aos Mouros - como todos sabemos - por D. Afonso Henriques no ano de 1146, tendo por diversas vezes sido perdida e reconquistada, tanto aos Mouros como a Castela e finalmente recuperada para a coroa Portuguesa em 1285.
Pela sua posição estratégica fronteiriça, Serpa assistiu e sofreu duras perdas tanto humanas como patrimoniais, nas Guerras entre Portugal e Espanha.São disso exemplo a Guerra da Restauração 1640/1648, Guerra da Sucessão de Espanha 1703/071, cujas memórias estão bem patentes nas Muralhas do Castelo, depois pelas Invasões Francesas 1801/1814.
Ainda a sangrenta perda de vidas quando da Guerra Civil entre Miguelistas e Liberais 1826/1834. 
2 - FORAIS E TITULO

- Foram três os forais atribuídos a Serpa, sendo o primeiro concedido por Afonso X, de Castela, em 1285, denominado "Foral de Sevilha", elevando a povoação à categoria de Vila. As terras da margem esquerda do Guadiana, estavam na posse daquele reino, desde 1271. Afonso X mandou também estabelecer a sua demarcação territorial.
- O segundo Foral foi concedido por D. Dinis em 1295, tendo sido construídas as chamadas muralhas Dionisinas ou seja, o primeiro "pano" de muralhas.
- O terceiro Foral concedido a Serpa em 1513 por D. Manuel I senhor de Serpa, o qual a mandou rodear de Muralhas.
- Em 1674 o futuro Rei D. Pedro II, confere à então Vila de Serpa o titulo de Notável, assim como os inerentes privilégios,justificados não só pelo seu numero populacional  ( +1500 almas) como pela nobreza das suas gentes, pelos homens insignes que dela saíram, tanto nas letras como nas armas  e ainda pela sua posição estratégica face a Castela.
3 - ELEVAÇÃO A CONCELHO, VILA E CIDADE

- Quando D. Dinis concedeu Foral a Serpa, que já era Vila, elevou-a a Concelho e mais tarde D. Manuel I, te-la-à  elevado a cidade, tendo voltado à condição de Vila por motivo e em data que se desconhece, (carece de confirmação a fonte desta informação que apenas encontrei num documento que carece de melhor investigação) podendo no entanto especular-se dado o conhecimento que se tem do decréscimo da sua população nomeadamente  no séc. XVII. Será um tema a pesquisar nos Arquivos da Torre do Tombo.
- De fonte segura sabe-seno entanto que o seu território foi fixado dentro de um perímetro tendo a Oeste o Rio Guadiana; a Este o Rio Chança; a Norte o Concelho de Moura e a sul o Concelho de Mértola, distando da Capital do Reino cerca de 137 milhas e da Capital do Distrito cerca de 17 milhas e que era o terceiro maior Concelho do Baixo Alentejo.
4 - ACHADOS ARQUEOLÓGICOS

- No território Serpense foram descobertos indícios da presença humana no Paleolitico; Calcolitico, nas Idades do Bronze e do Ferro, assim como nas Épocas Romana e Islamica.
5 - FREGUESIAS
- Ao longo da sua história foi Serpa dotada de Freguesias que mais tarde foram sendo eliminadas, resumindo-se actualmente a apenas cinco mas sem perder qualquer parte do seu território, antes pelo contrário, ganhando alguns territórios com agregação de Freguesias que anteriormente pertenciam ao Concelho de Moura.
Nota curiosa não obstante o aumento do território as suas fronteiras continuam as mesmas que foram fixadas no séc. XVI. 
5.1 - Freguesias extintas 

S. Braz
Santa Iria
Santa Ana
Santo Estevão 
Santo António Velho
Orada (Mina da Orada)
5.2 - Freguesias actuais

Pias 
Brinches
União de Freguesias de Vila Nova de S. Bento e Vale de Vargo
Vila Verde de Ficalho
União das Freguesias de Salvador e Santa Maria 
6 - ACTIVIDADE ECONÓMICA

Durante o séc XVIII e seguintes verifica-se uma grande concentração de propriedades nas mãos de grandes senhores que salvo raras excepções aplicam os seus lucros fora da região.
São desbravadas na segunda metade do séc XIX terras boas para cultivo e também terras improdutivas as chamadas "Galegas" nos anos 30/40 do séc XX a celebre campanha do trigo que estendeu a sua cultura intensiva até às regiões de xisto teve na região de Serpa consequências desastrosas.
Nos finais do séc XX, outra cultura que também não sortiu os efeitos desejados foi a do girassol e agora nos inícios do séc. XXI ainda nada se aprendeu sobre os malefícios do sistema de cultivo intensivo e ai estão as oliveiras em sistema de produção intensiva colocando-se mais uma vez de lado a pastorícia. 
Desta vez o Alentejo volta a estar sob o domínio de Espanha e daqui a uns anos quando as Oliveiras já não produzirem voltará o solo Alentejano a ficar mais pobre e improdutivo.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Convite a todos os Serpenses


Lendas da nossa terra - "Aldeia" Vila Nova de S. Bento


Conta a lenda que quando das guerras da restauração em 1640, existiam naquela zona duas aldeolas, a Aldeia da Fonte do Canto e não muito distante a Aldeia Cabeço de Vaqueiros, estando os espanhóis com domínio de ambas tal como no resto de Portugal, havia já 60 longos anos.
No Alentejo, raiano as escaramuças sucediam-se, ainda por cima a planura era propícia à acção da cavalaria espanhola que por muitas vezes irrompiam por ambas as aldeias

Mas continuemos, conta-se que uma linda jovem  da Aldeia da Fonte do Canto, se apaixonou por um rapaz da Aldeia vizinha, porém o seu amor parecia não ser correspondido, pelo que acabou por aceitar a corte de um soldado espanhol.
Ao ter conhecimento de que a jovem iria casar-se com um inimigo, logo se apressou a declarar o seu amor e a prometer tudo fazer para livrar as duas aldeias do jugo dos espanhóis.
Foi ai, que transbordante de alegria e na maior das felicidades a jovem, não só repudiou o espanhol como, invocando S. Bento, por quem tinha grande devoção, lhe roga pela vida do seu bem-amado e que valesse a este ajudando-o no cumprimento da sua promessa.
Logo o espanhol repudiado chama mais tropas e a luta surge sem tréguas entre os rivais, de um lado os espanhóis bem armados do outro, um grupo formado por um grupo de homens das duas aldeias armados com, alfaias agrícolas, pás, picaretas, foices e enxadas, que chefiados pelo jovem alentejano e unidos pela mesma intenção com bravura conseguiram por em debandada as tropas espanholas e libertar as aldeias da Fonte do Canto e de Cabeça de Vaqueiros.
As acções de graça em honra de S. Bento que tinha concedido um tal milagre não se fizeram esperar, era esta a opinião geral.
O povo das duas aldeias que assim lutara juntos logo decidiram unir também as duas aldeias, que assim ficariam mais fortes contra o inimigo. 
Mas que nome lhe haveriam de dar ? Pensaram um pouco. Não era uma aldeia nova que nascia? Pois seria Aldeia Nova a que acrescentaram de S. Bento, em honra e agradecimento ao Santo que os tinham ajudado a conquistar pela fé, a paz e a liberdade. 
Cumprida a promessa casaram os dois jovens juntando também as antigas aldeias numa  bonita história de amor.


Pormenor central do portico onde consta a data da construção da Igreja de S. Bento - 17720

Serpenses Ilustres (Figuras da nossa Terra) V

Manuel Francisco Bentes, nasceu em Serpa em 3 de Abril de 1885 num prédio da Rua dos Cavalos que também dá para a Rua do Governador em que à esquina tem uma janela de meios arcos. 
Frequentou a escola de Belas Artes de Lisboa e de Paris.
Em 1905 vai para Paria onde viveu cerca de 30 anos, a ele se juntam outros nomes da cultura portuguesa entre ele Eduardo Viana, Amadeu de Sousa Cardoso, Diogo de Macedo, Dório Gomes.
Regressa a Portugal nos anos 40 onde começa a leccionar em Lisboa e em Évora sendo nomeado em 1950 conservador da secção de pintura do  Museu do Paço Ducal de Vila Viçosa.
Fez várias exposições na país e no estrangeiro onde ganhou diversos prémios. Está representado nos Museus Soares dos Reis, nas fundações Calouste Gulbenkian e Casa de Bragança e em vários Museus Municipais.
Manuel Bentes faleceu em Portalegre a 26 de Junho de 1961 tendo os seus restos mortais sido trasladados para o cemitério de Serpa em 1968.